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LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. 272 p.

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Na época de pico da pandemia de covid-19, escrevi um texto em que não compreendia o fechamento temporário dos cultos públicos como uma questão de perseguição e nem ameaça a nossa liberdade religiosa. Estamos em 2023 e muita coisa mudou, inclusive o governo do país, hoje somos governados pela extrema esquerda que trata torturas, prisões, fome, violência, apenas como questão de “narrativa” [1](deixo duas referências caso haja dúvida sobre a que me refiro).

Relacionado a isso, temos a militância LGBTQIA+ que apoiados pelo governo, tanto em nosso país como mundo a fora, ofendem nossa religião[2], ameaçam a educação moral de nossas crianças[3], se infiltram nas escolas[4] e na política impondo pautas para uma maioria que se diz cristã e conservadora[5].

Diante do cenário, nos perguntamos: o que realmente importa para nós? De forma direta: nossa liberdade.

 Liberdade para fazermos escolhas pessoais sem interferências. Segundo a Declaração dos direitos humanos[6], artigo 12 “Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”. Creio que podemos inferir que se trata de nossas ideologias também, posso recusar qualquer tipo de ideologia na educação dos meus filhos, em minhas opções políticas que jugue danosa. Porém, qualquer rejeição pública ou privada do que se impõe no status quo é vista como homofóbica e antidemocrática, atacando assim o respeito ao direito básico que possuo.


O artigo 18, assim expõe: Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular”.

Temos nossos direitos colocados em risco quando não podemos expressar livremente os dogmas e ensinamentos morais de nossa religião. Quando acusam uma citação bíblica de preconceituosa e racista, estão querendo nos intimidar, tolher nosso direito de expressão. A justiça, ao limitar o que pode ou não ser dito, ao querer dizer o que é a verdade, ultraja minha liberdade de pensamento.

Abrindo parêntese deixo a citação[7]:

Não cabe ao Estado, a qualquer seita religiosa ou instituição comunitária, à coletividade ou mesmo à Constituição estabelecer os fins que cada pessoa humana deve perseguir, os valores e crenças que deve professar, o modo como deve orientar sua vida, os caminhos que deve trilhar. Compete a cada homem ou mulher determinar os rumos de sua existência, de acordo com suas preferências subjetivas e mundividências, respeitando as escolhas feitas por seus semelhantes. Essa é uma idéia central ao Humanismo e ao Direito Moderno. (Boletim Científico, p.169, 2005).

 

Ainda sobre essa questão, está claro que minha liberdade de escolha, e inclusive, a liberdade de escolher ideologias e a elas atender, cabe a cada cidadão particularmente sem interferências das esferas públicas de poder. Porém, para a concretização desses direitos é necessário viver em uma democracia, na verdade, a democracia é o fundamento para a garantia de qualquer direito, sem ela, ficamos à mercê de autocratas.


Fechando o assunto, deixo a resenha do livro “Como as democracias morrem”. Na leitura, vemos claros sinais de que a democracia agoniza em cada canto deste país.

O livro responde à pergunta: Democracias tradicionais entram em colapso? Os autores mostram como as atuais ditaduras conseguiram impor seus regimes através do voto. Da introdução, destaco a frase: “autocratas eleitos mantêm um verniz de democracia enquanto corroem a sua essência” (p.17). E eles corroem a democracia ao aparelhar a suprema corte e outros poderes em favor de seus ideais, compram a mídia e o setor privado, tiram os oponentes do jogo eleitoral e de forma gradual minam toda a liberdade civil, tudo “democraticamente”.

No capítulo 1, os autores elencam características que são comuns aos populistas: eles rejeitam as regras democráticas (sugerem medidas antidemocráticas); negam a legitimidade dos oponentes políticos (


descrevem seus rivais como criminosos ao dizer que são ameaças à democracia); toleram e encorajam a violência (têm laços com gangues armadas, forças paramilitares); e uma das mais graves características, restringem as liberdades civis de seus oponentes, inclusive a mídia (apoiam leis que restringem a liberdade civil, ameaçam críticos e elogiam governos autoritários).

Apesar do livro ter sido escrito para uma análise do governo Donald Trump, as características apontam para governos de esquerda, sobretudo no Brasil, temos presos políticos desde 08 de janeiro[8], pouco foi explicado à população, cidadãos são perseguidos por manifestarem suas opiniões (afirma-se que são animais)[9], jornais e redes de tv estão tendo suas concessões cassadas e sendo acusados de desinformação[10], a suprema corte é partidária[11], um ditador visita o país com apoio do governo[12], e tudo é feito em nome da democracia, democracia que impede o cidadão de falar, como é o caso de jornalistas e políticos que têm suas contas bloqueadas e redes sociais canceladas[13]. Não estaríamos vivendo o início de uma ditadura à moda venezuelana?

No capítulo 2 e 3, os escritores falam sobre a responsabilidade que os partidos possuíam no jogo político, eram eles que impediam que outsiders dados a ditaduras chegassem ao poder. Em 1972, o sistema foi modificado, “Os delegados seriam pré-selecionados pelos próprios candidatos para garantir a lealdade” (p.56), apesar de facilitar, os candidatos ainda precisam dos partidos e dos dirigentes mais experientes. No capítulo 3, eles mostram como Trump se encaixou nas características elencadas no capítulo 1 e como o processo foi falho ao deixar que uma ameaça à democracia chegasse ao poder por meio de campanha política bem financiada e de mídias independentes.

No capítulo 4, os autores explicam como os autocratas se estabelecem no poder ao comprarem os árbitros do jogo democrático, esses que devem manter posições não partidárias, como deveria ser o caso do sistema judiciário, serviços de inteligência, agências reguladoras e tribunais (p.81). O governo que está matando a democracia pelo bem da “democracia” impõe a lei de forma seletiva, punindo adversários e favorecendo aliados, como exemplo, o que acontece no Brasil quando o presidente coloca seu ex-advogado como ministro do supremo[14], quando o Ministério Público tenta cassar as licenças de emissoras de rádio, como é o caso da Joven Pan[15], sendo essa uma estratégia para que outros meios de comunicação façam autocensura deixando de criticar o governo (p.87). Autocratas no poder irão perseguir empresários, famosos, opositores, aprovar leis, com o discurso de defesa da democracia, porém sufocando-a por meio de medidas inconstitucionais. Cada crise inventada, cada opositor, cada dificuldade, será usada para desmantelar o sistema.

No capítulo 5, os autores colocam as regras informais do jogo político como bases garantidoras de que as regras formais serão respeitadas mantendo o equilíbrio entre os poderes, dentre as normas não escritas, eles destacam duas: tolerância mútua e reserva institucional. A primeira trata da tolerância que deve haver entre os rivais do jogo político, o respeito pela existência do que discorda, enquanto jogarem pelas regras institucionais, que eles possam existir, concorrer, e caso ganhem, que governem (questão complicada no país atualmente[16]). A segunda, reserva institucional, segundo os autores, é o “ato de evitar ações, que embora respeitem a letra da lei, violam claramente seu espírito” (p.107). Quando regras como essas são quebradas, a democracia está em risco, pois os “jogadores políticos” usarão as regras institucionalizadas em benefício próprio, expulsarão os oponentes do jogo[17] e assumirão o poder de forma unilateral, transformando o sistema em ditadura.

No capítulo 6, os escritores usam a história política americana como exemplo de democracias que funcionam equilibradamente através de suas regras não escritas. No sétimo capítulo, “A desintegração”, vemos como as coisas mudaram, em 2016, o senado recusou uma indicação de Barack Obama para a suprema corte, mostrando que as grades de proteção da democracia começaram a ser abaladas. No governo Bush, os autores exemplificam como os poderes foram se afastando das normas não escritas ao obstruírem 139 vezes indicações do governo (p. 148), o que na visão deles, é um fator de risco para a sobrevivência da democracia americana. No governo de Obama, os autores explicam como os republicanos conseguiram ruir com boa parte da reserva institucional através das mídias e de políticos renomados.

No caso americano, a parceria e respeito entre os dois partidos sempre foi um fator positivo para a nação, porém no Brasil, o caso é outro. A política funciona no “toma lá, dá cá”. Todo “respeito e parceria” de partidos, políticos e organizações trazem prejuízos para a nação, exemplo disso são as trocas de voto para angariar verbas[18]. Aqui a política é essencialmente “antipovo” brasileiro, sempre foi assim, e se depender da última eleição, continuará assim. Ouvi de certo professor universitário que a corrupção é a engrenagem que move o país, sem ela nada funciona, pelo que parece, ele estava certo[19].

No capítulo 9, Trump contra as grades de proteção, os autores mostram como o governo Trump tentou impor sem sucesso um governo autoritário que captura árbitros, expulsa da partida inimigos e inverte as regras para que não haja chance de vitória dos oponentes (p.170). Na página 175, os autores comentam como o governo foi intolerante com a mídia americana, e de como as ações pretendidas foram impedidas pelos tribunais, coisa bem diferente no Brasil em que o STF derruba perfis e bloqueia contas de jornalistas que se impõem ao sistema autoritário nascente[20].

Fechando o capítulo, os autores citam Patrick Moynihan para esclarecer que padrões confrontados reiteradas vezes vão dando espaço para alterações sociais, assim o que antes era uma exceção, algo anormal, de tanto ser reforçado passa a ser visto como normal, como regra. Nos governos democráticos, todas as ações antidemocráticas se reforçadas, passam a ser vistas como normais, como exemplo, podemos citar o caso brasileiro conhecido como pl das “Fake News” que em nome da democracia pretende policiar o direito de expressão do cidadão, dizer o que é ou não verdade[21].

No último capítulo da obra, Salvando a democracia, os escritores ressaltam o que chamam de recessão democrática global, apontando a crise na União Europeia, ascensão da China e a agressividade Russa como fator de perigo para um mundo que só provou de ampla democracia depois de 2005. Eles retomam a discussão sobre o governo Trump e falam sobre possíveis cenários políticos. Usam a Carolina do Norte como exemplo de política que deixa as grades de proteção democrática para manter o poder de forma indefinida.

Depois da leitura, o que podemos afirmar é que os autores sofrem do mesmo problema da esquerda no Brasil, tudo que é antidemocrático está atrelado a agenda da direita e tudo que é democrático fica com a da esquerda, mesmo que os meios usados pelos democratas sejam os mesmos dos republicanos ou piores (p.203).  Como saída para a crise democrática americana, eles apontam a coalizão de interesses, pessoas de diferentes partidos podem se unir em favor de causas benéficas para ambos, o que restauraria a tolerância mútua entre os “rivais”. Os escritores falam na reconstrução do partido republicano como se fosse o único a possuir extremistas. Compre com nosso link: https://amzn.to/3RY0esh

 


[8] https://www.estadao.com.br/politica/j-r-guzzo/nunca-houve-na-historia-brasileira-tantos-presos-por-razoes-politicas/

[9] https://www.metropoles.com/colunas/mario-sabino/a-linguagem-fascista-de-lula

[10] https://www.poder360.com.br/justica/mpf-pede-fim-de-concessao-da-jovem-pan-por-desinformacao/

[11] https://www.cnnbrasil.com.br/politica/nos-derrotamos-o-bolsonarismo-diz-barroso-em-evento-da-une/

[12] https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/ttc-brasil/a-convite-de-lula-ditador-repudiado-no-mundo-faz-visita-ao-brasil

[13] https://guiadoinvestidor.com.br/jornalistas-tem-passaportes-cancelados-e-contas-bloqueadas-pelo-stf/

[14] https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/06/21/novo-ministro-do-stf-cristiano-zanin-ja-atuou-como-advogado-de-lula-e-e-especialista-em-direito-civil-e-processual-perfil.ghtml

[15] https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/justica/audio/2023-06/mpf-pede-cassacao-de-concessoes-da-jovem-pan-por-ataques-democracia

[16] https://www.estadao.com.br/politica/lula-ataque-alexandre-de-moraes-stf-animais-selvagens-nprp/

[17] https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/06/30/entenda-o-que-pode-acontecer-se-o-tse-considerar-bolsonaro-inelegivel-nesta-sexta.ghtml

[18] https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2023/10/05/governo-infla-codevasf-a-estatal-do-centrao-e-promete-mais-verbas-para-o-agro.ghtml

[20] https://www.metropoles.com/brasil/alexandre-de-moraes-manda-derrubar-perfis-de-jornalistas-bolsonaristas

[21] https://novo.org.br/5-armadilhas-do-projeto-de-lei-2630-ou-pl-da-censura/

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