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BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. 1ª ed. Mundo Cristão, São Paulo, 2016.

 

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Discipulado é um dos livros indispensáveis na caminhada cristã contemporânea, foi escrito em um período marcante da história, Terceiro Reich Alemão (1933-1945). Escrito pelo Teólogo e pastor Dietrich Bonhoeffer em 1937, possui 254 páginas, divididas em 15 capítulos. O livro foi publicado pela Editora Mundo Cristão em 2016 com tradução de Murilo Jardelino e Clélia Barqueta.

A obra é fruto de uma vivência que ultrapassa teorias, parte da vida pastoral e de uma postura de insubordinação à ideologia nazista. Dietrich Bonhoeffer foi uma das vozes alemãs que não negociou suas convicções em troca da própria vida, foi acusado de desmoralização, preso pelo regime e enforcado no dia 09 de abril de 1945.

Para além de sua biografia, o escrito chama a igreja cristã, seja qual for sua placa denominacional, a ser de fato uma comunidade onde há discípulos vivendo discipulado na presença de um Cristo vivo que ofereceu uma graça que custa renúncia e obediência.

Dentre as muitas perguntas levantadas na introdução, deixo em evidência a que acredito ser a base do livro: “Para onde será levado aquele que aceitar o chamado para ser discípulo?” (Bonhoeffer, 2016, p.14). Dessa pergunta, todas as outras dependem e todas as respostas serão consequências ao modo como se responde a ela.

A primeira parte do livro, A graça e o discipulado, é formada por 9 capítulos nos quais são combatidas questões que lidamos ainda hoje, como o fato de a graça oferecida ao pecador não ser suficiente para mudar-lhe a vida cotidiana, uma graça barata que justifica o pecado sem exigir o arrependimento e mudança de comportamento. Para o autor, o discipulado, a obediência ao evangelho, é que tem o poder de nos revelar o Filho de Deus. (idem, p.21).

O livro está repleto de referências bíblicas e de exemplos que precisam ser revisitamos por nós hoje, tanto para entendermos o que significa servir a Cristo como para entendermos nosso papel no mundo como cristãos, principalmente na comunidade que chamamos de igreja.

Bonhoeffer, através de sua escrita, soube como avivar o desejo de se viver uma vida verdadeiramente cristã. Trazendo o exemplo de Lutero, que saiu do mosteiro para o mundo, ele escreveu: “O cristão estava novamente no mundo para atacar, em uma luta corpo a corpo”. (idem, p.24). O que significa dizer que a vida cristã em si é obediência exclusiva aos mandamentos de Cristo, é um ataque ao mundo que obtém consequências. Graça só pode ser recebida e compreendida como um abandono da vida mundana em todos os sentidos: “Somente aquele que abdica de tudo que possui no discipulado de Jesus pode dizer-se justificado apenas pela graça”. (idem, p.27).

O autor diferencia o discipulado verdadeiro, que é chamado irresistível, do discipulado falso, aquele que o voluntário impõe as exigências de como vai servir. Para ele, o discipulado é verdadeiro quando o discípulo simplesmente obedece ao chamado abandonando tudo de sua vida pregressa, é o que significa nascer de novo, a fé válida da salvação é a que obedece ao mandamento de Cristo, sem perguntas ou objeções, argumentos muito diferentes dos que estamos acostumados contemporaneamente em que o fiel impõe as regras e espera que seus desejos sejam atendidos.

Deste modo, significa dizer que a vida com Cristo não é uma aventura ética, o relacionamento com Cristo no discipulado é tudo o que existe (p.50). Obediência se aprende obedecendo, não fazendo perguntas (idem, p.53).O que nos leva a questão seguinte: De que tipo de obediência Bonhoeffer está falando?

Segundo compreendemos, o autor fala da simples obediência, sem misticismos, sem revelações maravilhosas, é apenas ouvir o mandamento e obedecê-lo, considerar Cristo uma terra firme e segura (p.55), porém não é nada simplista na medida em que preciso compreender que ser discípulo de Cristo não é possível sem um chamado direto, assim como não posso escolher o que devo entregar, é o Cristo que me diz o que devo fazer, como e porquê.

São citados vários exemplos em que cada pessoa recebe uma palavra diferente de Cristo, na verdade, o que somos desafiados a fazer é amar a Cristo acima de tudo e acima de todos, o que você mais ama é o que está sendo desafiado a deixar por Cristo.

Do exposto somos levados ao tema da cruz, o que é a cruz e o que ela significa para o cristão. Em poucas palavras e em profundas significações, a cruz não é tragédia, não é infortúnio, não é um filho ruim ou um marido bruto, a cruz “é sofrimento resultante da união com Cristo (...) é sofrimento próprio da existência cristã (...) é rejeição por causa de Cristo. (idem, p.63).

A cruz é imposta ao cristão, cada um já nasce de novo com uma cruz para levar, ajudamos aos irmãos com suas cargas ao perdoar os pecados cometidos contra nós, assim como manda o Senhor. É no discipulado diário com Cristo que reconhecemos nossa cruz, nossa morte diária do velho homem. Resumo esse trecho na frase “Ser cristão é levar fardos”. (idem, p.67). Não fardos que criamos, mas submissão aos que Cristo nos entregou.

Nas páginas seguintes, o autor fala com profundidade sobre a relação entre indivíduo e sociedade, que para ele só pode existir tendo Jesus como mediador entre nós e os outros. Outra questão tratada é o serviço cristão, para o autor, servir aos irmãos é um ato de adoração a Deus (p.99). O Sermão no Monte (Mt.5-7) é revisitado com toda maestria e nos chama à reconciliação com suas verdades eternas.

A segunda parte da obra é mais curta que a primeira e trata especificamente da relação entre igreja e discipulado, assuntos como a importância do batismo nas águas e o zelo pela pregação expositiva do evangelho são a base das argumentações. Apesar das críticas às igrejas da época, o autor reconhece a importância da instituição e seu papel para os cristãos, porém a razão de ser da igreja é a pregação do evangelho e a perseverança na doutrina dos apóstolos. 

Os temas tratados no livro são de fundamental importância tendo em vista a relativização dos valores cristãos por aqueles que professam a religião, todos os discípulos deveriam fazer o investimento espiritual na leitura de tão rica exposição do que deveria ser obediência ao Cristo, a obra também convida todos os cristãos para serem discípulos no sentido real do termo. Compre com nosso link:https://amzn.to/3XT1fWu

 

 

 

 

 

 

 

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