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CAMPAGNOLO, Ana Caroline. Feminismo: Perversão e subversão. Campinas, São Paulo. Editora Vide, 2019.

 

Do prefácio aos agradecimentos, a obra escrita por Campagnolo traz à tona fatos que não foram discutidos pelos “intelectuais” nas universidades, no entanto foram apresentados como verdades absolutas pelos mesmos que se dizem relativistas e democráticos em seus lugares de fala. Para além de um tom histórico, o livro pode ser compreendido como um alerta contra as perversões e subversões do movimento político e ideológico conhecido como Feminismo. Hoje se pode falar em feminismos, no plural, porque como é demonstrado, apesar de ter várias fases e possuir um único objetivo, o movimento não é uno, dentro do feminismo outras pautas foram sendo alinhadas de modo que não ser feminista é algo quase discursivamente impossível para aqueles que em tudo veem a “sagrada militância”.

Na introdução da obra, ao contar um pouco sobre sua tradição familiar e universitária, Campagnolo parte da realidade cotidiana vivida por milhares de famílias comuns onde existe pai, mãe e filhos; para essas pessoas não há nenhum tipo de problema em assumirem os papeis sociais e biológicos para os quais estão aptas. Essas famílias só são problemáticas e alvo de ataques por movimentos ideológicos como o Feminismo. Se você já foi ou é estudante universitário, sabe como esse ambiente é extremamente esquerdista e por isso mesmo apartado da realidade, do homem real, da mulher real.

No primeiro capítulo, ao falar sobre protofeminismo, a autora cita Mary Wollstonecraft (1759-1797) como sendo a mulher que reivindica e marca o nascimento do que hoje conhecemos como Feminismo. Wollstonecraft é uma religiosa que exige mudanças educacionais com relação às moças, que no período, eram menos cobradas e pouco trabalhavam para a própria subsistência, isso com relação às ricas, já as mulheres pobres é que realmente exerciam o papel de importância ao trabalharem duro no campo e cuidarem de seus filhos, porém, segundo ela, tanto uma quanto outra, estão protegidas demais pelos homens. O ensino deveria ser universalizado, o casamento era um meio de garantir direitos às mulheres e crianças, e apesar de criticar essas instituições, Wollsnetonecraft sabia da importância delas.

No capítulo dois, a autora apresenta razões históricas, como guerras, mudanças econômicas e sociais, que culminaram com a entrada da mulher no mundo do trabalho fabril. O fato é que a mulher sempre esteve inserida no mundo do trabalho, ela sempre trabalhou no campo, com vendas, tecidos, educação, etc; porém, foi no período de revoluções e guerras que o sexo feminino entrou no mundo do trabalho, e isso não foi devido o movimento feminista, foi devido ao modo capitalista de produção que não escolheu sexo ou idade, simplesmente incorporou a todos quanto necessitou na loucura da produção de bens. E se as mulheres passaram a trabalhar nas fábricas, paralelamente iniciou-se as lutas pelos direitos ao voto, o que nunca foi unânime, na própria América Latina a primeira mulher a votar não era feminista e agradeceu ao esposo pela “conquista”. Tanto direitistas quanto esquerdistas concordavam e sabiam da necessidade crescente da mão de obra feminina nas fábricas, contudo para as feministas esquerdistas esse não era ainda o propósito, como bem exposto por Campagnolo, Kollontai e Beauvoir focavam a Revolução sexual e o fim da família tradicional como forma de libertação.

No capítulo três, na segunda onda feminista, temos como estrela Simone Beauvoir que pôs a própria vida devassa como um modelo a ser buscado, marionete nas mãos de Sartre e entregue aos prazeres egoístas, não só apoiava o aborto como via na liberação sexual a liberdade plena da mulher, que agora já não seria definida pelo sexo, começava aí a subversão das identidades. O casamento, a família e as identidades passaram a ser perseguidos e substituídos pelo Estado esquerdista, pelas creches e por uma vida sexual sem nenhum compromisso com o outro. A obra apresenta várias mulheres que sofreram nas mãos de Beauvoir e Sartre, fato pouco comentado nos círculos onde os dois são idolatrados.

O quarto capítulo trata da terceira onda feminista, nesse capítulo da obra somos apresentados ao fator mais preocupante, a nosso ver, de todo o movimento que é a subversão das identidades e do sexo. Judith Butler é a personagem central dessa teoria perversa que tenta a todo custo atacar o feminino travestido de cuidado com as mulheres, é nesse aspecto da obra que temos discutidas as questões da ideologia de gênero, nas teorias de gênero ser homem ou mulher é questão de escolha, não de biologia. Eles negam a natureza, a biologia, a constituição física, como se fosse possível escolher ter um útero ou não, criam uma realidade paralela em que um corpo masculino, tomado por músculos, por se sentir mulher, pode concorrer a medalhas, inclusive ganhar a competições, em detrimento da participação de quem por natureza não só se sente, mas é biologicamente um corpo feminino, o que por gênero denominamos mulher.

Na leitura desse capítulo, tomamos conhecimento das verdadeiras intenções do movimento feminista contemporâneo que é o fim da maternidade, fim da família tradicional, total dominação da vida pelo Estado esquerdista, padrão lésbico e homossexual como normativos. Só podemos nos rebelar para sermos outra coisa quando sabemos o que somos e é nisso que existe o grande paradoxo do movimento, só posso dizer que não existe mulher ou homem frente ao que existe como homem ou mulher, daí a negação da realidade vivida por todas as civilizações ao longo da história humana. Recomendamos a leitura desse capítulo em especial para entender o que se passa por trás do discurso de cuidado e garantia de direitos.

O quinto e último capítulo é o de mais fácil entendimento, nele são demonstrados os atos de rebelião do movimento contra toda a cultura cristã. O movimento é contrário ao cristianismo pelos motivos óbvios apresentados em toda a obra, mas principalmente porque tenta subverter a linguagem, a família e a maternidade, questões caras ao cristianismo. É nesse capítulo que somos levados a refletir sobre a autoridade simbólica dos homens, porque como já demonstrado por inúmeras pesquisas, as mulheres é que exercem o poder prático na administração da renda, da vida dos filhos, das escolhas cotidianas importantes às simples; o que demonstra que o “patriarca, manipulador, homofóbico, genocida e outros apelidos mais” só existe em grandes números na realidade “virtual” criada pelo feminismo contemporâneo. É óbvio que existem homens que se encaixam em todas as ofensas proferidas pelas feministas, mas não podemos esquecer, que de igual modo, existem incontáveis mulheres para as quais é cabível as mesmas denominações.

Conclusão

A leitura é obrigatória para todos aqueles que duvidam daquilo que lhes é apresentado como verdade pronta. De fácil leitura, muito informativo, qualquer pessoa pode tirar suas conclusões para se posicionar com mais segurança neste mar de teorias que partem de realidade muitas vezes particulares para um todo que em nada se assemelha com o quadro de horror pintado por “intelectuais” que fazem um desserviço à humanidade ao atacar a base da humanidade: família, religião e identidade. A leitura também é importante porque temos no final do livro uma lista bibliográfica muito rica para aqueles que sempre tiveram curiosidade em conhecer autores antifeministas, mas não sabiam por onde começar.

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