Se tem uma coisa que aprendi
com o luto é que só entendi o valor da vida porque tive que viver com
a morte, e a morte de quem mais amei nesta vida, minha filha. Tentei viver cada
fase da nossa dor de forma paciente, apesar de ter pressa para entender, de
saber quanto tempo eu tinha para organizar minhas emoções nas horas que me
restavam ao lado dela. Vivi meu luto, ainda vivo meu luto, e uso pronome possessivo porque
cada pessoa é possuida pelo luto de forma particular.
Hoje procuro viver os momentos tristes e alegres com quem tenho por perto de forma exclusiva; você não vai encontrar muitas
fotos minhas nos posts da vida, e há coisas que eu realmente queria ter tirado foto, no entanto eu estava tão imersa que não lembrei, estava muito ocupada beijando, abraçando,
sorrindo, contando coisas supérfluas, contemplando, enfim, não lembrei, estava ocupada
vivendo aquele momento, comendo aquela comida, não me toquei se era ou não importante
registrar, postar quase nunca é importante, mas registrar em foto ou vídeo, às vezes,
é.
O que quero dizer, finalmente, é que acredito na importância de estar inteira no momento em que se está
vivendo, batalho contra a ansiedade ao me dedicar às pessoas e a atividades do dia, porque você não sabe quando vai ser o último, às vezes, você tem expectativas
de quando vai ser a última semana de alguém que está muito doente, porém o último
momento sempre vai ser uma surpresa, então o melhor é se dedicar inteiro no que
você tem para hoje, olhar para o céu e curtir o sol, brigar e pedir perdão,
perdoar e seguir amando, dar o que pode ser dado, passar as pedras no caminho
sem fazer delas uma pedreira intransponível.
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