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Uma prosa sobre a vida comum, aceita um café!?


 

No livro Confissões (2019,p.202), Agostinho escreveu: “(...) luto diariamente contra a concupiscência do comer e do beber.” Confesso que fiquei surpresa com essa frase porque comer e beber é algo tão simples, tão comum, e nós cristãos do século XXI já não ouvimos pregações que alertem sobre a necessidade de se viver para Deus, tanto no comer, quanto no beber, tudo deve glorificar a ele, não a nós.

Atualmente, em nossas ações parece que sempre deixamos Deus de lado, aparentemente nosso coração já não confia em Deus, somos atormentados por desconfianças, temores, ansiedade e as pequenas coisas do dia a dia, como comer ou beber, têm poder para nos irritar. Penso que tudo isso está relacionado à falta de comunhão com Deus e com a Bíblia. Nosso devocional sempre é interrompido por excesso de trabalho, excesso de cuidado, excesso de horários, etc. Hoje, Mais que nunca, estamos correndo atrás do que não pode alimentar, deixando Deus e a fé cada mais distantes da vida comum, do comer e do beber, e quem dera se ao sermos bem sucedidos ajudássemos outras pessoas, investíssemos nas vidas humanas. Biblicamente, a vida de muitos de nós é um fracasso espiritual e financeiro.

Apesar disso, sempre pensamos que somos bem sucedidos e importantes, como os irmãos da igreja que estava em Laodiceia. Essa congregação recebeu a mais dura carta do Apocalipse; ela era formada por cristãos “bem-sucedidos”, eles pensavam: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta(...)” (Ap. 3:17), mas Jesus tem outro entendimento sobre riqueza; para Cristo, aquela igreja era “(...) um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu (...)”. (Ap. 3:17). Isso se deve ao fato de que para Deus ser “rico” é ser abençoador, pois todas as vezes que Deus abençoa um cristão, ele pede para que esse crente seja uma benção, ou seja, abençoe outras pessoas, invista em vidas, em serviço cristão porque somos um corpo.

Porém, estamos tão ocupados pensando em nosso “sucesso”, satisfação pessoal, preocupados com dívidas, que não temos tempo ou disposição no coração para investir em vidas, e muito menos apostar em um estilo de vida mais simples e que traga condições de ajudar a outros. Tenho admirado muitos milionários que estão doando seus bens, apesar que isso não compra salvação e traz certa “paz interior”, vejo essa ação com bons olhos, pois foi o próprio Cristo que disse para sermos bondosos, dar algo a quem nos pedir, caminhar com pessoas que talvez não tenham sido tão boas para conosco, dar a capa para o frio, ou seja, viver de modo que possamos ser uma “mão amiga” para outras pessoas. (Mt. 5:38-42).

Nossa vida diária deveria ser mais simples, porque cristianismo é estilo de vida, tanto nas pequenas quanto nas grandes preocupações da vida, deveríamos ter um coração disposto para crer em Deus, em suas promessas e servir nossos irmãos, nossos companheiros de jornada, é claro que servir não é só distribuir dinheiro, mas é ter uma alma disposta a ouvir, a ajudar nossos cônjuges, nossos filhos, irmãos, pais, porque nosso primeiro ato de bondade e confiança é saber tratar e cuidar dos nossos, pois está escrito: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”.(1 Tm. 5:8). Peço a Deus que me dê a coragem e a simplicidade para viver mais pelos ensinamentos bíblicos do que pelos meus próprios anseios, para glorificar a Deus no comer e no beber, sem excessos, bastando a cada dia o seu mal.           
 
Referência
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Principis, 2019. 

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