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Conhecendo a Cristo em meio a depressão

 




Um dos motivos que me levam a ser cuidadosa com minhas leituras é a crença de que a literatura influencia nossas vidas, o modo como vemos o mundo. No livro O sorriso escondido de Deus (PIPER, 2002), o pastor John Piper fala um pouco sobre o gosto especial que ele próprio nutre pela poesia, exemplificando o assunto, Piper mostra um pouco da vida de William Cowper, compositor e poeta cristão do século XVIII.   

Piper fala sobre a vida conturbada de Cowper e de como ele conheceu a Cristo em um lugar nada convencional. Geralmente ouvimos que pessoas conhecem a Cristo em igrejas, campanhas evangelísticas, através de pregações via rádio, etc. Cowper conheceu a Cristo em um hospital psiquiátrico, e por incrível que pareça, Deus não o curou da depressão, esse foi seu “espinho na carne”.

Assim como Deus permitiu que o poeta convivesse com a depressão, algumas questões não desaparecerão porque pedimos, o Senhor deixará que lutemos e aprendamos com elas todos os dias; não consigo contar as vezes que me pego lutando contra sentimentos paralisantes, como a ansiedade, o medo; sei que por mais que eu ore e repreenda há coisas que devemos aprender a lidar. Sabemos da importância da ajuda médica e do uso de medicamentos, porém não devemos esquecer de enfrentar com fé os “monstros” que aparecem, eles não vão embora porque você bate o pé ou nega a existência deles.

Da leitura do livro citado, o mais importante é que Cowper, mesmo com tantos problemas, não perdeu a compreensão da misericórdia e grandeza de Cristo, ele compôs:

Há uma fonte cheia de sangue

Tirada das veias de Emanuel

E pecadores, imersos naquela torrente,

Perdem todas as suas manchas de culpa.

(...)

Desde que, pela fé, eu vi a torrente

Suprida pelas tuas feridas,

O amor redentor tem se tornado meu tema,

E será até eu morrer. (PIPER, 2002, p.132-133.

Enquanto estivermos aqui, lutaremos contra nossa carnalidade, contra o desespero, contra a falta de confiança nas promessas de Cristo, sentiremos as perdas que tivemos na longa caminhada.  Lembremos que homens cheios de Deus tiveram seus momentos de desespero, entretanto permanceram firmes, os Salmos são prova de que se não fosse o Senhor, nenhum de nós conseguiria vencer e transpor os grandes abismos que aparecem à nossa frente. É Davi quem afirma:

"As ondas da morte me cercaram; as torrentes da destruição me aterrorizaram. As cordas da sepultura me envolveram; as armadilhas da morte me confrontaram. Na minha angústia, clamei ao Senhor; clamei ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; o meu grito de socorro chegou aos seus ouvidos”.(2 Samuel 22:5-7).

 Se o homem escolhido por Deus se sentiu desesperado e clamou em grande angústia, não acredite em falsas pregações de triunfalismo, de negacionismo, crente também sofre, crente também sente angústia, a diferença é que sabemos para quem clamar; se Jesus fizer da sua luta um “espinho na carne” não tenha dúvida de que ele será seu refúgio, assim como é para mim, assim como foi para Davi e Cowper. Deus não mudou, ele permanece fiel.

 

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