2013 foi um ano difícil, era
fim da licenciatura e meu emocional não aguentou; eram noites mal dormidas, muita leitura, a
vizinha fazia barulho de madrugada (3 horas), enfim, o estresse e a ansiedade
tomaram conta de mim. Em algumas noites, eu acordava com taquicardia, sensação de
morte, tremores, devido a isso, corria para o hospital, ao chegar lá, ouvia a
mesma coisa: “você não tem nada”. Até que um dia, o médico me disse que era uma
crise de pânico e me deu calmantes para dormir, aconselhou que eu procurasse um
psicólogo. Não procurei, mas sabia que algo precisava mudar porque o meu
estômago já estava dando sinais de que havia adoecido também.
Terminei a graduação e
continuei no bacharelado, mas não suportei, abandonei. Tentei o mestrado e foi
outra decepção, a banca me reprovou na entrevista. Desacelerei. Quando você não para, Deus cria uma situação e para você. Durante quase
dois anos fiquei quieta, cuidando do meu emocional, porque cheguei a um ponto
que pegar um ônibus se transformou em um desafio, ir à padaria era uma guerra e
conversar era uma tortura. Só quem passou sabe do que falo. Afastei-me da vida
acadêmica e fui me dedicar a leituras, à oração, fui viver outras experiências
em Deus. Foram anos para adoecer e demorou anos para me reconstruir, ver o que
realmente importava, prioridades, tentar viver de forma mais leve.
Em 2016, fiz a prova Enem novamente, entrei para o curso de letras, só que agora eu já conhecia
meus limites, sabia o que era uma crise de pânico, entendia quando eu não pudesse me comprometer
com algo. Pela graça de Deus, correu tudo bem. Não tive mais crises, consegui
levar a licenciatura de forma mais calma, até que parei tudo novamente para
viver minha gravidez em 2019, bem antes de saber sobre qualquer problema relacionado
à nossa bebê, porque aprendi que preciso fazer coisas importantes de uma por
uma, viver cada etapa de forma inteira, a vida passa rápido demais para abrir
mão de momentos importantes como um bebê. Tivemos toda a luta que tivemos e não
tive se quer um ataque de pânico, Deus me deu força emocional para enfrentar o
momento mais difícil da forma mais calma possível. Choramos muito no processo
todo, mas de forma paciente, até dormir, eu dormia.
Mês passado tivemos outra
perda, nossa amiguinha, nossa cachorra infartou, não resistiu à castração e eu
tomei um choque, adivinha!? Fui parar no hospital, não conseguia parar de
chorar, a casa voltou a ficar triste por uns dias novamente. Juntaram-se as perdas e meu emocional se mostrou fragilizado, o sinal de alerta acendeu, outro período de reconstrução vai se iniciar.
A vida de qualquer pessoa é
assim, altos e baixos, momentos de vitórias e lutas. Se servimos a Deus, creio
que sofreremos mais que os outros, porque foi assim com todos os patriarcas;
falam tanto de Abraão e sua riqueza, quero ver falar sobre a longa espera por
um filho que não vinha, quero ver falar sobre a briga entre as mulheres de sua
casa, quero ver falar como lhe pesou o coração por ter que mandar Ismael
embora, quero ver falar sobre a perda de Sara.
Falam tanto de Jacó e sua
riqueza; quero ver falar sobre as consequências de seus enganos com relação ao
irmão Esaú, quero ver contar sobre as vezes que lhe pesou pensar em sua mãe e
não poder vê-la, quero ver contar sobre os problemas que ele tinha com os
filhos brigando entre si, quero ver falar sobre a saudade de um filho que ele
pensava estar morto.
Se eu continuar, a lista vai
ser imensa e chegaremos ao ápice que é o próprio Cristo, sofreu mais que todos,
de ser chamado de Belzebu, até ser menosprezado pelos próprios irmãos. Foi para
a Cruz sem merecer e hoje ainda tem paciência de ouvir e amar os filhos
problemáticos que tem, eu sou uma deles.
O que muitas pessoas não
entendem é que servir a Deus não é uma blindagem contra as coisas da vida,
estamos presos nesse espaço, nesse tempo e sofremos com a queda assim como os
outros, a diferença se dá em saber que seremos totalmente restaurados porque
quem prometeu é fiel para cumprir, a diferença é que sabemos para onde vamos,
temos companhia e segurança suficientes para termos certeza da vitória.
O Peregrino, do livro de Bunyan, pensou em tirar a própria vida quando esteve preso no castelo da dúvida, mas Esperançoso lembrou-lhe: “Não devemos nos esquecer de que a lei toda não se acha nas mãos do gigante Desespero”. (Bunyan, p. 153). Aí está! A última palavra quem tem é Deus sobre nossas aflições, pois nos conhece: “Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces. Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.”(Salmos 139:4-6). Glória a Deus!!! Tudo nesta vida tem solução, até para a morte, pois Cristo disse: “(...) Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.”(João 11:25). Estávamos mortos em nossos pecados e recebemos vida, nunca morreremos a segunda morte, assim como ele vive, viveremos também.
BUNYAN, John. O Peregrino. Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2006.
Parabéns pelo texto e compartilhar um pouco de sua história,de suas lutas e vitórias .
ResponderExcluirQue esse texto alcance muitas vidas.