CRAIG, L. William. Apologética para questões difíceis da vida. São Paulo: Vida Nova, 2010. ISBN 978-85-2750-452-2
CRAIG, L. William. Apologética para questões difíceis da vida.
São Paulo: Vida Nova, 2010.
O livro do filósofo William Lane Craig,como o próprio
título evidencia, apresenta argumentos convincentes sobre questões de difícil
discussão, como por exemplo o aborto. Logo na introdução, temos o chamado para
um avivamento intelectual. Craig cita outros teólogos e filósofos que
compartilham do mesmo entendimento, como Plantinga, Machen, Moreland, entre
outros. Na Introdução: Estagnação
Intelectual, Craig reflete sobre a importância dos cristãos se engajarem
intelectualmente para a defesa da fé cristã. Afirma ainda que o cristianismo
deve impactar a cultura através daqueles que o professam, sendo isso possível a
partir de um real compromisso com as escrituras e com a verdade. Na era em que
vivemos, há uma exacerbada relativização e a pergunta de partida para a
exposição da obra será: “Ainda é possível proclamar verdades que, para além de
uma vivência cristã, possam impactar a cultura?”
O primeiro capítulo tem por título: Dúvida. Nesse capítulo, Craig fala da
necessidade de enfrentarmos o problema da dúvida com seriedade, pois todo
cristão em algum momento de sua vida cristã vai se deparar com isso. Para o
autor, é diferente pensar a fé e duvidar da fé. Quando pensamos a fé, somos edificados; quando duvidamos da fé, abrimos espaço para a destruição da vida
espiritual. Desse modo, somos convidados a pensar a fé de forma racional,
fazendo o uso ministerial dela.
No segundo capítulo,Oração não respondida, Craig explica como devemos lidar com orações
que ainda não foram respondidas e mostra que existem qualificadores importantes
para que um cristão possa reivindicar uma petição a Deus. Um dos qualificadores
é fazer petições que não sejam apenas de interesse das nossas paixões, mas que
busquem realmente a glória de Deus.
No terceiro capítulo, Fracasso, ele cita Erwin Lutzer e faz distinção entre o fracasso
causado por questões de pecado (rompe a comunhão do cristão com Deus) e o
fracasso que faz parte da trajetória da vida de qualquer pessoa. Sobre esse
último, ele explica que é possível um cristão ser fiel a Deus e, às vezes, ter
que enfrentar esse sentimento de fracasso.E vai além, ao afirmar que a vontade
de Deus pode incluir momentos de fracasso.
No quarto e quinto capítulo,O sofrimento e o mal, Craig nos apresenta uma difícil e delicada
discussão sobre o problema do mal. Ele expõe o problema intelectual do mal, que
consiste em dar uma explicação racional de Deus e do mal, e o problema
emocional do mal, que é como confortar os que estão sofrendo, e como dissolver
o desprazer emocional que as pessoas têm de um Deus que permite o mal. Para o
problema intelectual, Craig afirma que Deus criou seres capazes de escolhas e
não marionetes. Explica que a onipotência de Deus não quer dizer que ele possa
fazer impossibilidades lógicas, como criar seres livres com escolhas
manipuladas. Outra questão que para um cristão é muito mais clara, é que o
sofrimento (o mal) pode trazer um bem maior, como aprendizagem e maturidade. No
capítulo cinco, a discussão se aprofunda e Craig vira o jogo ao mostrar que a
existência do mal implica a existência de Deus. Sem Deus não há pressupostos
objetivos para classificarmos algo como mal ou bom, isso seria apenas
convenções sociais de cada cultura em particular.Contudo, quando reconhecemos
algo como mal, em quais fundamentos nos baseamos para tal afirmação? Sem Deus,
temos apenas o relativismo e as forças da natureza, o que não nos serve como
pressupostos do bem e do mal. O problema parece mesmo residir no aspecto
emocional, pois muitos rejeitam a existência de Deus não por aspectos
filosóficos ou teológicos, mas rejeitam simplesmente porque não aceitam um Deus
que permite o sofrimento tal como vemos no mundo.
No capítulo seis, Aborto,
Craig argumenta que o feto é um humano em seus primeiros estágios de
desenvolvimento e que, se lhe for permitido se desenvolver, ele passará por todas
as fases de desenvolvimento. Ali bate um coração humano. Porém, a pergunta
crucial é: “A vida humana tem um valor em si mesma?” Porque se dissermos que
sim, quando começa a vida humana? Na barriga ou somente fora dela? Qual a
diferença entre matar um bebê com uma semana de vida dentro da barriga ou de
matá-lo com uma semana de vida fora da barriga? Ou simplesmente puxá-lo do
ventre materno pelos pés e matá-lo deixando parte de seu corpo no ventre da
mãe? O autor afirma ainda a necessidade de políticas que amparem as mulheres, tanto
para uma posição pró-vida, como também uma posição pró-mãe e pró-criança. Essas
questões são aprofundadas e discutidas na obra por um viés ético e filosófico. Somente
no final do capítulo a discussão também é abordada de forma teológica.
O sétimo capítulo, Homossexualismo,
é um dos capítulos mais polêmicos do livro. Inicialmente, o autor trata da
relativização dos valores éticos e sociais. Há dois vieses abordados: se Deus
não existe, não há valores objetivos, sendo aceitáveis tanto os que defendem, quanto
os que se contrapõem ao homossexualismo. Não havendo certo e errado para a
questão, não há a aceitação de um único juízo de valor sobre o tema. Se Deus
existe, então há algo objetivo que pode ser dito. O autor reafirma o modelo de
família estabelecido por Deus na Bíblia, afirma que a Bíblia condena a prática
homossexual, mas não necessariamente condena alguém com tendência homossexual,
pois pode alguém servir a Deus e lutar contra essa tendência, do mesmo modo como
um cristão luta contra a cobiça e contra os vícios. No final do capítulo, Craig
chama os cristãos para que ajudem as pessoas que desejam servir a Deus e que
lutam contra a tendência homossexual.
No oitavo e último capítulo,Cristo, o único caminho, o escritor discute a questão da escolha
das pessoas por uma religião. Fala sobre a universalidade do pecado e a quebra
das leis morais de Deus. Mostra a diferença entre o pluralismo religioso
sofisticado e o não sofisticado. Para o pluralismo não sofisticado, as
religiões dizem basicamente a mesma coisa, mas essa afirmativa não se sustenta
quando se estuda religiões comparadas, pois todas diferem em suas cosmovisões. Já
o pluralismo sofisticado diz que todas as religiões são falsas, são apenas
modos culturalmente relativos de interpretar erroneamente a realidade. Craig desfaz
as principais falácias dos argumentos dos pluralistas sofisticados quando
mostra a falácia lógica chamada de argumentum
ad hominem e a falácia genética. O foco de Craig é voltado para aquilo em que
ele acredita ser o real problema do pluralismo religioso: o destino dos que permanecem
fora de uma tradição religiosa específica. No final do capítulo, há um chamado
para que os cristãos se engajem no evangelismo e mostrem o amor de Deus ao
comunicar as boas novas de Cristo Jesus.
De forma geral, o livro “Apologética para questões difíceis da vida” apresenta uma linguagem
clara, de fácil entendimento para pessoas que não possuem grandes
aprofundamentos filosóficos ou teológicos, ao tratar de temas que perpassam o
cotidiano de todos os cristãos, William Lane Craig nos ajuda a manter o foco
naquilo que realmente pode se apresentar como problema para um cristão sincero,
como por exemplo, duvidar da fé ao invés de pensar a fé. Na obra, somos
despertados para um avivamento intelectual e engajamento missionário como
fatores necessários para o crescimento do reino de Deus. Recomendamos a obra
para ser lida e estudada em pequenos grupos e classes de escola dominical.
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Disponível em: https://revistas.pucsp.br/reveleteo/article/view/40973/27653
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