Há quase vinte anos,
em uma casa humilde, com piso só no barro batido e paredes sem reboco, ao cair
da tarde, minha mãe e eu, nos sentávamos no batente, ao pé da porta para ler a
Bíblia e conversar. Eu ouvia as histórias sobre a infância de minha mãe, seu
primeiro amor, as histórias sobre as mudanças que ocorreram na vinda para
Fortaleza, enfim eram momentos para falar sobre coisas que não eram práticas,
mas faziam todo o sentido, criavam laços. Era ao pé da porta que eu cantava
para meu irmão tocar, logo quando ele confessou a fé em Jesus, também
conversávamos sobre a igreja, planos ministeriais, compúnhamos coisas para Deus. Se
aquela porta falasse, contaria muitas histórias. Tornei-me adulta, me casei e
fui morar em outra casa. Momentos como aqueles, só se repetem em reuniões esporádicas
da família, não mais com tanta qualidade como antes, sempre estamos todos
apressados e moramos longe uns dos outros. As coisas mudaram. No momento, estamos todos de
quarentena devido à pandemia do covid-19.
Devido à situação, eu estava pensando como coisas boas
podem ser trazidas para momentos difíceis, uma delas é reunir as crianças para
falar sobre coisas que aconteceram na família, na infância dos pais, contar histórias
bíblicas, falar sobre Deus e suas promessas. Deixar que nossos filhos nos
conheçam, é momento para conhecê-los também, temos tempo agora. Vejo temos tempo para conversar com nossos cônjuges sobre a vida e suas banalidades,
tempo para apreciar a companhia ao invés de brigarmos, tempo para tentar
consertar coisas que nos desagradam também, se for o caso.
Aproveitemos o tempo, não
para nos escondermos uns dos outros no celular nesse período, mas para nos
descobrirmos como família, como amantes, como irmãos, como pais, como
adoradores. Quem só consegue adorar no templo, deve estar a ponto de se desviar.
Quem só lê a Bíblia na igreja, deve estar fraquinho, quase ateu cristão. Vigiemos!
Pode ser já a última hora.
Mesmo em tempos de choro,
temos motivos para ver que nem tudo é escuridão, temos a chance de recomeçar
como gente a partir de casa. Recomeçar com Deus de dentro para fora, no quarto,
onde não tem plateia. De recomeçar como cônjuges no sofá de casa, como no
início. De recomeçar como pais, apreciando a presença e as brincadeiras com as
crianças e a instrução com os mais velhos. Recomeçarmos como filhos, cuidando e
apoiando nossos pais nesse período de isolamento. Se puder, fique em casa e
faça desses dias os melhores possíveis.
Tia q lindoooo
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